O negócio é não deixar a música perder a melodia. Não permitir que a
poesia seja escritas por extenso, sem aquelas frases cortadas que dão
leveza e romantizam todo o contexto. A praticidade que a vida exige não pode
tomar lugar da crônica e do coração mole. Aos 30, o mundo pede um jab-direto e
só cabe a nós tampar os ouvidos e manter a maleabilidade gostosa dos anos mais
leves.
A praticidade tem seu lado bom. Chega a hora de perder a dó de cortar o
cabelo, de doar a roupa, de negar programas quando a vontade é de simplesmente ficar
em casa. Chega o momento de aposentar o mimimi. A parte boa é não sofrer. A
ruim é que sem o frio na barriga a vida perde boa parte da graça.
O desafio é manter a cor. Enxergar tudo pelo lado mais divertido. Usar a
experiência para deixar as coisas mais leves, sem deixar para trás aquilo que a
imaturidade tem de melhor: a deliciosa sensação do não saber.
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